Oito minutos, quarenta e seis segundos. Não o sabíamos até há poucas semanas, mas é possível condensar nestes parcos minutos aquilo que de mais repugnante pode existir na conduta humana. Falamos do tempo que George Floyd agonizou até à morte, com o peso do ódio racial a estrangular-lhe o pescoço. A brutalidade deste episódio voltou a despertar o mundo para a urgência desta luta, que pertence a todos. Na Webtexto, acreditamos que as ferramentas de comunicação devem estar ao serviço de todos os combates travados em prol de um mundo livre de preconceitos. Por isso, trazemos-lhe algumas campanhas sobre racismo que o poderão inspirar a contar histórias que nos alertem contra a discriminação.
Campanhas sobre racismo: o poder do storytelling
Com as atenções todas viradas para o movimento Black Lives Matter, várias têm sido as marcas e instituições a utilizar os seus canais de comunicação para se posicionarem contra a discriminação. No entanto, é crucial que, antes de se lançarem para campanhas sobre racismo, as organizações façam uma autoanálise crítica e rigorosa em relação a qualquer traço discriminatório na sua estrutura, nos seus processos e nas suas decisões.
Posteriormente, aquando do desenho da campanha contra o racismo, deve ter-se em conta alguns aspetos relevantes relacionados com a sensibilidade da temática em questão. Antes de tudo, é importante que as campanhas sobre racismo se alicercem em dados estatísticos credíveis: a informação é a chave. De outro modo, o foco da campanha deve incidir sobre problemas socioeconómicos mais específicos, em que o racismo se expresse de maneira evidente.
De igual forma, importa não esquecer que o objetivo que deve nortear estas ações de comunicação é a mudança de comportamentos — não deve ser uma questão reputacional. Só por esse meio será possível combater o racismo estrutural que está infiltrado na nossa vida em sociedade. Veja alguns exemplos.
Campanhas sobre racismo #1: racismo (in)visível
A Amnistia Internacional Brasil propôs-se a fazer uma campanha de sensibilização para os dados assustadores que revelam a brutalidade do racismo vivido no país: 30 mil jovens são vítimas de homicídio por ano, sendo que 77% destes são negros.
Deste modo, durante o vídeo, que se faz acompanhar da poderosa música de intervenção de Criolo, seguimos um jovem que percorre as ruas da cidade, intrigando-se com as pessoas invisíveis com quem se cruza. Mais tarde, percebemos que são vítimas de violência.
Campanhas sobre racismo #2: parábola antidiscriminação
Nesta campanha antirracista assinada pela Comissão Portuguesa para a celebração do 50.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, assistimos a uma cena deplorável de discriminação num avião.
A narrativa gravita em torno da queixa de uma senhora que se recusa a sentar-se ao lado de um jovem negro. O vídeo, que tem um final surpreendente, fecha com um apelo claro e incisivo: “Ponha o racismo no sítio certo”.
Campanhas sobre racismo #3: quanto dói um olhar?
A Procter & Gamble tem, nos últimos anos, investido numa série de campanhas sobre racismo. Utilizando uma técnica de storytelling exclusivamente imagética, este vídeo acompanha um homem afro-americano nos mais diversos contextos quotidianos.
Em todos os lugares por onde passa, os olhares dirigem-se a ele, gritando preconceito, aversão e agressividade. A narrativa, que sofre uma reviravolta no final, lança-nos um importante repto: é urgente que olhemos uns para os outros (e uns pelos outros!), sem deixarmos que esse olhar se tolde por julgamentos sumários e superficiais.
Campanhas sobre racismo #4: agir dia sim, dia sim
Como sabemos, o racismo infiltra-se nos mais pequenos detalhes da vida. Por conseguinte, as pessoas racializadas enfrentam este preconceito diariamente, nas situações mais corriqueiras. Desta maneira, a Australian Human Rights Commission decidiu fazer uma campanha com o intuito de sensibilizar a população para esta difícil realidade.
Nesta narrativa, assistimos a uma cena banal dentro de uma empresa: uma pessoa que bloqueia o elevador para que uma colega tenha tempo de entrar. No entanto, quando uma pessoa negra se aproxima, a atitude muda radicalmente. No final, fica a ideia de que, perante estas situações, é perentório agir. O combate precisa de todos.
As ferramentas do storytelling podem, e devem, estar ao serviço da luta por uma sociedade mais tolerante, justa e aberta. Assim, as campanhas sobre racismo podem representar um importante papel na consciencialização da população para a urgência de exterminar o preconceito. Todos os esforços contam: inspire-se e faça deste mundo um sítio melhor para todos!