Com a intenção de explorar novas praias, um utilizador do Google faz a seguinte pesquisa: praia de são joão ou praia da morena. Os resultados da pesquisa não mostram nas primeiras posições nenhum artigo sobre a Praia de São João ou sobre a Praia da Morena, onde estas palavras estejam imediatamente visíveis, mas artigos sobre as praias da Costa da Caparica. Porquê? A resposta está nas boas práticas de SEO, relacionadas com a semântica.
É necessário olhar para a forma como funciona o algoritmo do Google. Este vai além das keywords para tentar encontrar a verdadeira intenção e contexto de um utilizador quando faz uma pesquisa e, assim, devolver-lhe os resultados mais adequados ao que pretende. Com uma localização identificada e com a forma como a pesquisa foi feita, o motor de busca percebeu que havia uma intenção de ir à praia e de escolher uma praia da Costa da Caparica.
Neste caso, os conteúdos que melhor se posicionaram na primeira página de resultados – a conhecida SERP (Search Engine Results Pages) – foram aqueles que, além das praias pesquisadas, apresentaram as melhores praias da Costa da Caparica, ajudando no processo de escolha.
Uma pesquisa semântica é quando a pesquisa devolve os resultados pretendidos, mesmo quando estes não contêm nenhum dos termos pesquisados nos principais elementos do chamado SEO On Page – caso do título, do URL ou da meta descrição. Surgiram, então, termos como “semantic search optimization” ou “semantic SEO”.
O que é SEO semântico?
Uma possível definição pode ser encontrada num artigo no site de notícias sobre tecnologia e entretenimento Mashable:
“Uma pesquisa semântica usa a inteligência artificial para perceber as intenções de quem pesquisa e o significado das questões, em vez de analisar palavras-chave como um dicionário. Agora, quando faz uma pesquisa, o Google dá-lhe resultados com base apenas no texto e nas keywords que coloca na pesquisa. Basicamente, o Google dá-lhe o melhor palpite.
Quando usa uma pesquisa semântica, o Google vai mergulhar na relação entre estas palavras, como se conjugam e tentar perceber o que significam estas palavras.”
Neste sentido, é fácil perceber que a pesquisa semântica é mais precisa.
Um exemplo habitual para mostrar como funciona a semântica nas pesquisas é o da célebre frase “I’m Sorry Dave” do filme “2001 – Odisseia no Espaço”.
Fonte: 5 Questions About Semantic SEO, Mathew Brown
Este exemplo mostra como, para além dos resultados típicos, em que a expressão se encontra nos elementos ‘Title Tag’, URL e ‘Meta Description’, há também resultados em que a expressão não aparece nestes elementos e, ainda assim, o Google considerou relevantes para a pesquisa efetuada. Foi o caso do resultado do IMDb e do Wikiquote.
Neste caso, o Google fez a ligação entre a expressão “I’m Sorry Dave” e o filme “2001 – Odisseia no Espaço” através de referências em várias páginas e apresentou a página do filme no site IMDb sem se basear na referência específica da expressão.
Significa que devemos abandonar o SEO On Page? Não. Este continua a ser fundamental para dar resposta mais direta às pesquisas, mas os motores de busca recorrem cada vez mais ao contexto, ou seja, às pesquisas anteriores, à localização, às variações das palavras e aos sinónimos. Desta forma, usa as nossas referências como elementos determinantes para ajudar a identificar as nossas pesquisas.
No fundo, é como se o Google percebesse exatamente o que estamos a procurar, mesmo quando a palavra ou a expressão que estamos a pesquisar tem vários significados. Isto acontece porque o Google, mais do que palavras, faz a distinção entre várias entidades, que podem ser pessoas, lugares ou coisas (um produto, empresa, evento, filme, ideia, etc.). É com base nisso que o Google sabe, por exemplo, que quando pesquiso “resultados Porto” quero informações sobre o clube de futebol e não sobre a cidade do Porto.
Qual a importância do SEO semântico nas estratégias de marketing?
A própria definição de SEO semântico mostra a importância que esta ferramenta tem para as marcas atraírem clientes e novos clientes. Se eu dou a resposta certa, a probabilidade de que essa pessoa entre na minha página e procure saber mais sobre a minha marca e os meus produtos e serviços é bastante maior.
A importância das boas práticas de SEO aumenta ainda mais quando sabemos que as pessoas procuram informação e tomam decisões no momento, cada vez mais recorrendo ao seu smartphone. É nesse momento, em versão mobile, que precisam de uma sugestão, de uma resposta a um problema urgente ou simplesmente de esclarecer uma dúvida sobre um dado histórico numa conversa entre amigos. Fazem-no até sem ter de escrever, bastando usar a voz para fazer perguntas ao seu smartphone.
É nestes momentos, a que a Google chama de micro-momentos – Eu que saber, Eu quero ir, Eu quero fazer, Eu quero comprar – que muitos decisões são tomadas e nos quais é importante as marcas estarem presentes.
Fonte: A Revolução dos Micro-Momentos: como eles estão mudando as regras, Think With Google
Quais as boas práticas de SEO para produzir conteúdos otimizados?
Neste novo cenário, é importante perceber as intenções dos utilizadores e é sobre essas intenções que devemos escrever, dando resposta às perguntas e dúvidas que suscitam. Isso deve sobrepor-se à decisão de criar conteúdo em torno de uma palavra-chave ou um de um tópico genérico.
Partindo de uma palavra-chave ou expressão, é importante fazer uma pesquisa por termos relacionados para estar de acordo com as boas práticas de SEO – uma ajuda que pode ser encontrada no Google Keyword Planner ou no Ubersuggest. Mas também uma pesquisa básica no Google pode dar uma ajuda preciosa, se tivermos em conta as pesquisas relacionadas que aparecem no final da página de resultados. Olhando para o exemplo do início do texto, saberíamos que o conteúdo deveria também abordar os restaurantes e bares das praias da Costa da Caparica, assim como indicações sobre a localização das praias e indicações mais específicas sobre as principais praias.
Com todas estas indicações seriam facilmente identificadas as palavras-chave relacionadas a utilizar, bem como os sinónimos – que têm a vantagem de evitar estar sempre a repetir a mesma palavra ou termo – e até as pesquisas e perguntas mais comuns sobre o tema.
A partir daqui, o importante é começar por responder a uma dúvida ou pergunta frequente logo no topo da página e partir daí para detalhes mais específicos. Desenhar uma estrutura de conteúdo que responda a todos os pontos essenciais é fundamental para que os motores de busca possam perceber quer o conteúdo, quer o contexto.
A resposta poderá estar na construção de blocos que vão dar as respostas procuradas usando as pistas que o Google dá, como as “pesquisas relacionadas” ou “as pessoas também perguntam”.
No fundo é pensar que, depois de responder à dúvida inicial, que mais questões ou dúvidas é que surgirão e continuar a dar resposta a essas novas dúvidas ou questões em blocos do conteúdo. Tudo isto sem esquecer o essencial: devem ser conteúdos originais de grande qualidade, porque estes são critérios cada vez mais valorizados pelos motores de busca.
Quais são os resultados desta estratégia? Segundo escreve Wells Yu no Search Engine Journal, o SEO semântico traduz-se em:
- Mais hipóteses de estar presente no ranking de uma série de keywords;
- Uma oportunidade para estar presente no ranking das pesquisas por um período de tempo mais longo.
