Tempos desafiantes, estes que vivemos! Os planos que tínhamos, a realidade que conhecíamos, tudo mudou devido ao novo coronavírus. De repente, temos equipas inteiras em teletrabalho, clientes que pararam a atividade e muitas incertezas em relação ao futuro. Mas estou certa de que, no meio destas indefinições, há factos que começam a tornar-se claros sobre a forma como gerimos, trabalhamos e comunicamos. É incontornável: estamos todos mais online e a consumir mais conteúdos nas plataformas digitais.
Mas que tipo de conteúdos procuramos? Será que estamos a falar sobretudo de informações relacionadas com a COVID-19? Que conteúdos geram mais interação nas redes sociais? Fui à procura dos dados…
Tráfego de Internet
Ponto de partida: o tráfego de Internet aumentou. Basta pensar no consumo que cada um de nós está a fazer a partir de casa para perceber que isso, multiplicado pelos lares portugueses, fez disparar o tráfego de todas as operadoras de Internet.
Ao teletrabalho somou-se o ensino a distância e o resultado foi que todas as operadoras de telecomunicações estão a registar fortes aumentos de tráfego na rede fixa e na rede móvel, como explica um artigo do jornal Público. Na semana entre 16 e 22 de março, as operadoras verificaram uma subida no tráfego de Internet fixa na ordem dos 70% e de 35% na Internet móvel.
A CloudFlare, servidor que detém cerca de 10% dos websites e apps mundiais, mostra-nos que o tráfego em Portugal aumentou cerca de 30% durante a pandemia do novo coronavírus. Como explica o CTO da empresa, John Graham-Cumming, em entrevista ao Dinheiro Vivo, “(…) é normal ver subidas entre 30% a 40% até mesmo aos 80% de aumento na utilização da Internet devido às medidas de distanciamento”.
Consumo de pageviews
Os portugueses estão a consumir mais Internet durante a quarentena e isso é notório numa análise de consumo semanal de pageviews feito pela netAudience, da Marktest, que destaca um crescimento geral acentuado nas duas primeiras semanas de março, em comparação com o período anterior. O destaque vai para os websites de informação. “Além do crescimento vertiginoso da Informação (+78%, ao fim da segunda semana), registam-se também crescimentos relevantes na TV (mais 21% e mais 7%, respetivamente), nos websites de serviços (+23%) e nas Rádios, que tiveram um crescimento de 10% na primeira semana e voltaram agora à média das semanas anteriores”, escreve a Marktest.
Pesquisas no Google
Um bom indicador dos conteúdos que estamos a consumir são as pesquisas que estamos a fazer. Aí, o Google Trends pode dar uma ajuda. Olhando para os tópicos mais consultados, podemos constatar que, além dos temas diretamente relacionados com a pandemia do novo coronavírus, como “Estado de emergência”, “pandemia”, “COVID-19”, “quarentena” ou “Direção-Geral da Saúde”, destacam-se as plataformas que nos põem em contacto uns com os outros: o Zoom, o Skype ou mesmo o Google Classroom, se não eram nossos conhecidos, passaram a ser-nos bastante familiares.
Outra tendência são os temas relacionados com as consequências da pandemia devido ao novo coronavírus e o impacto que está a ter na economia. Daí, o grande aumento das pesquisas sobre “downsizing” ou “lay off”.
O impacto do novo coronavírus nas redes sociais
O próprio Facebook apresentou dados reveladores: em muitos dos países mais atingidos pelo novo coronavírus, o número total de mensagens aumentou 50% no último mês. O mesmo aconteceu com as chamadas de vídeo e de voz, que mais do que duplicaram no Messenger e no WhatsApp.
Segundo o gigante tecnológico liderado por Mark Zuckerberg, o grande aumento do tráfego revela-se principalmente nos serviços de mensagens, mas a plataforma nota também que mais pessoas estão a usar o feed e as stories para se manterem em contacto com os familiares e com os amigos.
Num relatório recente, o Socialbakers constata que as pessoas estão a recorrer mais ao Facebook quando procuram notícias e ao Instagram quando procuram desligar-se da informação sobre o novo coronavírus.
O mesmo relatório mostra que, nas últimas semanas, na Europa, os seguidores de páginas de marcas no Facebook estão, diariamente, a passar mais tempo online. De destacar o aumento da presença nesta rede social após as 8h.
Em média, na semana de 16 a 22 de março, os fãs de páginas de marcas passaram no Facebook mais 11,9% do seu tempo, em comparação com os últimos sete dias de fevereiro.
Oportunidade para as marcas
O relatório do SocialBakers alerta que o maior envolvimento dos utilizadores com os conteúdos digitais é uma oportunidade para as marcas. Yuval Ben-Itzhak, CEO do SocialBakers, escreve que as marcas devem abraçar a “transformação digital”. É nestes canais que está a acontecer o envolvimento com as pessoas, e as empresas que negligenciam esta tendência vão estar em perigo.
Neste contexto, é mais importante do que nunca definir o nosso propósito enquanto marcas e ser criativos na hora de comunicar.