O Search Engine Optimization (SEO), quando aplicado corretamente, pode ser uma arma poderosa para as empresas. Afinal de contas, quem não pretende surgir nos primeiros dez resultados do Google? Isso faz toda a diferença quando se trata de atrair mais visitantes para uma página web a partir dos motores de busca e conseguir ganhar novos clientes. Mas, para isso, os conteúdos têm de funcionar e oferecer a melhor resposta possível aos utilizadores. Este é um dos pontos mais críticos em SEO, segundo Miguel Brandão, CEO do SEOlabs.
“(…) É fundamental [o conteúdo] estar pensado para dar a devida resposta ao utilizador e ao SEO. Não é necessário estar a pensar muito se tem 200, 300 ou 400 palavras. É, sobretudo, pensar em dar a melhor resposta possível.”
As empresas que queiram vingar no digital e criar uma boa estratégia de SEO devem, primeiro que tudo, perceber o que o público-alvo pesquisa nos motores de busca. A partir daí, segundo Miguel Brandão, deve ser feita o estudo de keywords e adequar as keywords que querem posicionar ao conteúdo inserido em cada página do website.
A Webtexto falou com Miguel Brandão, CEO da SEOlabs, durante o Expo Fórum Digitalks, onde foi palestrante. Nesta conversa, Miguel Brandão defende que ainda existe um longo percurso a percorrer em Portugal, porque ainda existem muitos websites que não estão sequer preparados para receber os utilizadores. Neste processo, é preciso que as empresas tenham noção da importância de ter um website estruturado com keywords e com bom conteúdo para os utilizadores.
Qual a importância do SEO para os conteúdos e para as empresas se conseguirem posicionar nos motores de busca?
O conteúdo tem muita importância. Costumo dizer nas minhas palestras que o conteúdo não é rei, mas é claro que os conteúdos têm de funcionar. Aliás, se eu pretendo posicionar para diversas palavras-chave e dar resposta ao que os utilizadores procuram, eu tenho de ter essa resposta nas páginas do meu website, seja através de texto, imagem ou infografia. É muito importante saber dar a melhor resposta possível e o conteúdo é fundamental para agarrar o utilizador e direcioná-lo para a conversão.
Nas suas palestras costuma referir a diferença entre keywords transacionais e as keywords informativas. Qual é a verdadeira distinção entre as duas?
Começo por dar o exemplo de uma loja online. Nas keywords transacionais é quando os utilizadores já estão a um passo da compra. Por exemplo, se o utilizador procurar «comprar camisas brancas online», é porque já pretende comprar e fazê-lo online. Por outro lado, nas keywords informativas, os utilizadores estão apenas na fase de pesquisa de informação. Nestes casos, a procura é feita em forma de pergunta, tal como por exemplo «como fazer biscoitos?».
Na conversão, quais são as keywords mais importante? Short tail, medium tail ou long tail?
Vamos pensar da seguinte forma, por exemplo, seguros. Podemos considerar que é uma palavra muito vaga e que qualquer pessoa pode pensar em seguros. Mas se eu optar por «seguros de saúde para maiores de 60 anos» ou «seguros de saúde para crianças» vou ter um volume de procura menor, mas a conversão vai ser mais qualificada e maior. Por isso, é fundamental saber fazer a distinção entre este tipo de keywords e de termos, para não apostarmos em keywords vagas e optarmos por aquelas que nos podem dar conversões. Temos de conseguir focar no que queremos vender e é aqui que entram as keywords long tail.
Quais são os pontos críticos, em termos de SEO, para um artigo? Por exemplo, a publicação de um artigo num blog?
Primeiro, é fundamental estar pensado para dar a devida resposta ao utilizador e ao SEO. Não é necessário estar a pensar muito se tem 200, 300 ou 400 palavras. É, sobretudo, pensar em dar a melhor resposta possível. Se formos fazer uma pesquisa no Google por «restaurantes hoje à noite em Lisboa», eu tenho de conseguir ter essa informação. Portanto, este conteúdo tem de estar com a informação o mais completa possível para o utilizador não sair do website e não perdermos uma possível conversão. Neste ponto, o mais importante é conseguirmos focar.
Em termos técnicos, quais são as preocupações em que nos devemos focar?
Logo à partida, criar textos e conteúdos que não sejam chatos para o utilizador. Aqueles blocos de texto cheios de informação, ninguém está interessado. Depois, mais uma vez, escrever para o utilizador, mas ao mesmo tempo pensar na máquina. O Google é cego, o software passa pelo conteúdo e a única coisa que faz é ler código e texto, não consegue perceber mais nada. Por isso, é importante escrever textos adequados para que o Google entenda. Dou sempre o exemplo dos títulos, dos subtítulos, dos H’s e da numeração, ou seja, tentar ser o mais agradável possível para o utilizador e o Google acaba por perceber, em termos de HTML, que escrevemos aquele conteúdo focado no utilizador.
A atualização dos conteúdos pode ser considerada importante em termos de SEO?
Sim, faz todo o sentido. Quando percebemos, via analytics, que aquele conteúdo precisa de mais informação, podemos e devemos atualizar. Mas é muito importante nunca mudar o URL do website.
Numa boa estratégia de SEO, quanto tempo demora a ter resultados concretos e visíveis?
Quando as empresas pretendem resultados imediatos, a minha recomendação é apostarem em Google Ads ou Facebook Ads. Em termos de SEO, eu nunca dou menos de seis meses em Portugal. Depois, depende sempre do nicho e da área de negócio. Em alguns casos, antes dos seis meses começamos a observar resultados concretos, noutros provavelmente ainda não. Por exemplo, na área dos seguros a concorrência é enorme em certas keywords e mais vale apostar em Google Ads, do que apostar em SEO.
Como é que as campanhas de Google Ads podem ajudar a alavancar uma estratégia de SEO?
No SEO não ajuda em nada, pelo menos segundo informações que a Google passa. Pode ajudar é a indexar uma página desconhecida, isto porque os anúncios estão a apontar para essa página e o Google pode não saber dessa informação. Tirando isso, não ajuda em nada.

No blog de uma empresa, faz mais sentido estar dentro ou fora do website?
Depende sempre do objetivo do SEO. Se é uma grande marca do mercado e muito conhecida, provavelmente ficar num subdomínio fora do website pode fazer sentido. Agora, para uma empresa que pretende crescer com SEO, o blog é fundamental estar dentro do website. Vai ajudar-nos a trazer mais tráfego para o website e irá dar-nos mais autoridade sobre todo esse domínio.
As empresas que apostam num blog dentro do website ao que devem ter mais atenção?
Na minha visão, primeiro devemos perceber qual é o nosso público-alvo e o que ele pesquisa no Google. A partir daí, torna-se fundamental fazer o estudo de keywords e de termos de pesquisa. Depois disso, devemos adequar esse estudo à estrutura do próprio website, isto é, cada página ter o conteúdo adequado à keywords que queremos focar e posicionar.
Quais são as melhores ferramentas para avaliar o SEO?
Dou alguns exemplos. Aquelas ferramentas que existem online, em que colocamos o nosso domínio ou URL para nos fazer uma avaliação de 0 a 100 e nos indica o desempenho do nosso website, esqueçam! Os indicadores são apenas de algumas questões técnicas. No entanto, se queremos posicionar o nosso website e as nossas páginas para as keywords mais importantes para o negócio, as ferramentas que podem ajudar são: SEMrush, Ahrefs e Majestic SEO.
Quais são as novas tendências de SEO para o ano de 2019?
Não vou falar sobre inteligência artificial ou pesquisa de voz, porque isso é pensar muito à frente. Vou falar apenas da realidade portuguesa. Encontro websites que não estão preparados para receber o utilizador, pelo que para já eu não me preocupo com isso. Claro que é uma tendência, principalmente no estrangeiro, já começamos a ver muita gente a apostar nisso. Agora, em Portugal, não posso chegar a um cliente e dizer-lhe «vamos atualizar o seu website para pesquisa de voz», quando ele só tem meia dúzia de páginas, todas mal construídas e sem conteúdo. Isso não faz sentido. Primeiro, a base tem de ser montada, com um website estruturado com keywords, bom conteúdo e responder aquilo que os utilizadores pretendem saber.
