Um olhar atento aos nossos padrões de consumo digital nas últimas semanas já é um forte indicador das grandes tendências que estão a dominar o consumo de conteúdos e o tráfego orgânico em época de COVID-19.
Vivemos uma nova realidade. Precisamos de ajuda para sermos mais criativos e andamos às voltas com tantas plataformas de teletrabalho. Passámos a cozinhar duas refeições por dia, não saímos à rua e queremos que nos venham entregar as compras a casa. As rotinas de exercício também não podem parar e, por isso, procuramos aulas online. Mas será que são apenas estas as novas tendências? Não haverá outras menos óbvias? E os padrões de tráfego orgânico têm-se mantido estáveis desde o início da pandemia?
Neil Patel gere uma das ferramentas mais procuradas quando queremos conhecer as tendências de pesquisas orgânicas para determinadas keywords, o Ubersuggest. Com dados importantes nas mãos, este especialista em Marketing estudou as tendências de SEO e de tráfego web em tempo de COVID-19. Neste período, as consultas globais e os websites que costumavam ter mais de 5.000 visitas por mês registaram fortes quebras de tráfego orgânico em muitas áreas.
Assim, viagens, transportes, construção e publicidade registaram fortes quebras nas pesquisas orgânicas. Pela positiva, destacam-se as áreas financeira, alimentar, de saúde e os media.
Agora olhando para a realidade portuguesa, também os media continuam em forte destaque, segundo dados da Marktest. Além da informação, o estudo da Marktest destaca o crescimento na área da TV e dos Serviços.
Aumento do tráfego orgânico nos websites de e-commerce
Com o confinamento provocado pelo novo coronavírus, era expectável que os websites de e-commerce aumentassem o tráfego web e as suas vendas. Mas esta não é uma conclusão óbvia em todos os casos ou negócios. Se isso é verdade para os bens essenciais – supermercados e mercearias online –, o mesmo não acontece, por exemplo, nos bens de luxo, segundo explica Neil Patel na análise global que fez.
Analisando o impacto da COVID-19 no tráfego orgânico de vários setores, a Similar Web está a monitorizar as tendências de comportamento dos consumidores durante esta crise e mostra que, por exemplo, as grandes retalhistas online, como o eBay, ou as plataformas de entrega de comida em casa, como a UberEats, estão a registar volumes elevados de procura. Ainda assim, em certos casos, começam a evidenciar-se já descidas, o que pode significar alguma estabilização.
Queda do tráfego orgânico para websites de viagens e turismo
As viagens e o turismo são dos setores mais afetados pela pandemia de COVID-19. Depois de uma forte quebra inicial, a Similar Web refere que os sinais são de alguma recuperação nesta área. Estão aqui em causa agências de viagem, hotéis, alojamentos locais, companhias aéreas, o ramo do aluguer de carros, os cruzeiros, entre outros. No entanto, olhando para os dados da Booking.com e da Airbnb, começa a existir esperança de retoma para estes setores e o cenário começa a pintar-se de verde.
Mais pesquisas orgânicas sobre saúde
Tratando-se de uma pandemia, a procura sobre temas de saúde iria naturalmente aumentar, com especial destaque para as pesquisas sobre a COVID-19. Para ajudar a perceber o tráfego orgânico e o que procuram as pessoas sobre o novo coronavírus, o Google Trends criou uma página específica. No caso de Portugal, as tendências podem ser encontradas aqui.
Subscrição de serviços de streaming crescem
Nesta fase de quarentena, os tempos livres têm forçosamente de ser passados em casa. Mas se no passado imperavam os VHS ou DVD, nos dias de hoje o streaming veio para ficar e reinar. Portanto, as séries, os filmes e os documentários online passaram a ganhar lugar de destaque na vida das pessoas. E que o digam serviços como a Netflix ou a HBO. No caso da Netflix, somaram-se quase mais 16 milhões de novos subscritores no primeiro trimestre do ano, o maior ganho trimestral na história da empresa, presente no mercado há mais de 13 anos.
Maior procura por exercício físico e refeições em casa
Os ginásios e os restaurantes foram obrigados a fechar portas. Porém, ao mesmo tempo, abria-se um mundo novo de conteúdos que nos permitem transformar uma qualquer divisão da casa num espaço de exercício físico ou as nossas cozinhas em laboratórios de experiências culinárias.
Assim, enquanto os ginásios estão a ser obrigados a reinventar-se devido ao aumento na procura por diretos em páginas de Instagram de personal trainers, os restaurantes começaram a partilhar receitas e a ajudar-nos na tarefa de cozinhar. Tudo isto porque as pesquisas orgânicas por conteúdos relacionados com bem-estar, alimentação e exercício físico aumentaram. O Pinterest é exemplo disso, assistindo a um aumento significativo do tráfego orgânico, com destaque para estas áreas.
É inevitável, nesta fase estamos a consumir novos conteúdos e a adquirir novos hábitos digitais. A questão é perceber até que ponto vamos mudar definitivamente os nossos padrões de consumo no que diz respeito aos conteúdos e que lições as empresas podem tirar para o futuro.