Marketing Jurídico: apostar no conteúdo para criar audiência

Marketing Jurídico: apostar no conteúdo para criar audiência

Falar de Marketing Jurídico pode parecer uma contradição. Afinal, sabemos que o exercício da atividade jurídica tem regras muito específicas, inclusivamente no que diz respeito à informação e à publicidade.

Ao mesmo tempo, é uma área que toca em todas as esferas da nossa vida, sendo essencial fomentar a literacia jurídica. Desse modo, os cidadãos têm um acesso fácil à informação e podem exercer a sua cidadania de uma forma eficaz.

Importa, pois, perceber como os advogados e as sociedades de advogados podem desenvolver canais de Marketing e Comunicação, apostando em conteúdos digitais que lhes permitam criar uma audiência e fidelizar clientes. Sendo certo que, ao passar informação e conhecimento, mostram competência.

Limitações legais à publicidade e ao Marketing Jurídico

Na área jurídica, a atividade publicitária não está totalmente vedada; está, contudo, regulada pela Ordem dos Advogados e pela Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução.

Ordem dos Advogados

O Estatuto da Ordem dos Advogados é claro ao afirmar no Artigo 94.º que “os advogados e as sociedades de advogados podem divulgar a sua atividade profissional de forma objetiva, verdadeira e digna, no rigoroso respeito dos deveres deontológicos, do segredo profissional e das normas legais sobre publicidade e concorrência”.

O próprio artigo define o que se entende por “informação objetiva” e o que considera serem “atos lícitos de publicidade”. Neste último caso, incluem-se, por exemplo:

  • A promoção ou a intervenção em conferências ou colóquios; 
  • A publicação de brochuras ou de escritos, circulares e artigos periódicos sobre temas jurídicos em imprensa especializada ou não, podendo assinar com a indicação da sua condição de advogado e da organização profissional que integre;
  • A menção a assuntos profissionais que integrem o currículo profissional do advogado e em que este tenha intervindo, não podendo ser feita referência ao nome do cliente, salvo, excecionalmente, quando autorizado por este, se tal divulgação for considerada essencial para o exercício da profissão em determinada situação, mediante prévia deliberação do conselho geral.

Por outro lado, são considerados “atos ilícitos de publicidade”, por exemplo:

  • A colocação de conteúdos persuasivos, ideológicos, de autoengrandecimento e de comparação;
  • O uso de publicidade direta não solicitada.

Analisando as regras definidas para Comunicação, Marketing e Imagem de Advocacia, o advogado Carlos Pinto de Abreu conclui, num artigo de opinião publicado no Jornal de Negócios, que “não se impede a publicidade ao exercício da advocacia”. Entende, sim, que a posição do Estatuto é “razoável, porque exigente e ética, equilibrada e aberta”, assegurando a ética do exercício da profissão.

Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução

A Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução também regulamenta a sua atividade publicitária nos respetivos estatutos. Neste caso, referindo que “o associado pode divulgar a sua atividade profissional de forma objetiva, verdadeira e digna, no rigoroso respeito dos deveres deontológicos, do segredo profissional e das normas legais sobre publicidade e concorrência”.

Discrimina o que considera ser “informação objetiva” e quais os “atos lícitos de publicidade”, destacando-se, entre outros:

  • A apresentação dos serviços prestados em sítio na Internet dentro das normas regulamentares aplicáveis;
  • A intervenção em conferências ou colóquios;
  • A publicação de brochuras ou de escritos, circulares e artigos periódicos sobre temas relacionados com a profissão na imprensa, podendo assinar com a indicação da sua condição de associado, da respetiva atividade profissional e da organização profissional que integre.

Estes aspetos são também referidos no código deontológico. E mais detalhes são reservados para o Regulamento de Publicidade, Imagem e Utilização de Marcas de Titularidade da Ordem. Neste, estão descritos três tipos de publicidade que os membros da Ordem podem praticar: 

  • A publicidade funcional, que tem como objetivo promover a imagem da Ordem como um todo; 
  • A publicidade pessoal, que se centra em promover não a Ordem como um todo, mas sim a pessoa em causa, falando das suas qualidades e dos serviços que pode prestar ao cliente (tem carácter informativo e não persuasivo);
  • A publicidade do escritório, que consiste em mostrar ao cliente a utilidade do espaço e como isso pode ajudar o cliente a atingir os seus objetivos.

Estratégias de Marketing Jurídico que funcionam

Cientes de que deve haver uma separação clara entre a publicidade mais comercial e propagandística e a publicidade exclusivamente informativa, há um conjunto de ideias que os juristas podem aplicar.

Uma estratégia de Content Marketing ou Marketing de Conteúdo – centrada na produção de conteúdo relevante e informativo que segue as boas práticas de SEO – é uma das mais importantes estratégias de Marketing Digital. No caso do Marketing Jurídico, é possível captar a atenção e o interesse de quem procura ativamente temas nesta área, pesquisando através do Google. 

Nesse sentido, ao oferecer conteúdos relevantes que respondem a estas pesquisas, os advogados e as sociedades de advogados ganham relevância e autoridade junto do seu público-alvo, atraem clientes e criam uma audiência. Esta audiência pode ser alcançada através de vários meios e utilizando diversos formatos (texto, vídeo, infografias, etc.).

artigos de blog

Artigos de blog 

Esta é uma forma interessante de publicar o conteúdo, permitindo esclarecer questões e analisar temas da esfera de atividade de cada advogado ou sociedade. Assim, podem responder às dúvidas que mais são suscitadas pela audiência. Produzidos internamente – pela equipa de especialistas – ou externamente, estes conteúdos vão gerar afinidade e confiança.

noticias

Notícias

Acompanhar a atualidade da área é também um modo de informar e criar uma audiência que precisa de ter um conhecimento atualizado sobre determinadas áreas do universo jurídico. Ao mesmo tempo, as notícias podem acompanhar a atividade do respetivo escritório de advogados, dando a conhecer os momentos mais importantes do seu dia a dia.

eventos

Eventos

A criação ou participação em eventos ligados à área jurídica é igualmente uma maneira de mostrar e passar conhecimento. Neste caso, trata-se de uma forma de Marketing Jurídico essencial para firmar a credibilidade.

publicações periódicas

Publicações periódicas

Os advogados podem, além disso, produzir publicações periódicas com a atualização das alterações legislativas e a análise dos tópicos mais relevantes. Desse modo, ajudam a desconstruir os temas jurídicos para os seus clientes e seguidores.

artigos de opinião

Artigos de opinião

Estes artigos podem ser publicados em meios próprios ou media digitais. Dão visibilidade e evidenciam o conhecimento, a credibilidade e a reputação dos advogados e das respetivas sociedades.

redes sociais

Redes sociais

Meios fundamentais de divulgação dos conteúdos e de interação frequente com as audiências, as redes sociais são uma forma de Marketing Jurídico que permite criar relações mais próximas.

newsletters

Newsletters

O email é uma ferramenta muito presente no dia a dia e importante numa estratégia de Marketing Jurídico. Assim, as newsletters permitem personalizar a comunicação, veicular os conteúdos mais importantes publicados nos vários suportes, e estabelecer uma relação assídua com os seguidores.

Exemplos de Marketing Jurídico de sucesso

Os diversos exemplos mostram que, independentemente da dimensão da firma, escolher uma estratégia de conteúdos beneficia sempre o Marketing Jurídico e a empresa.

Cuatrecasas

A sociedade de advogados Cuatrecasas, com sede em Portugal e em Espanha e com presença em 13 países, é um exemplo claro de uma estratégia de Marketing Jurídico que aposta na produção de conteúdos.

Assim, avançou com a criação de um blog, abordando temas de atualidade jurídica, propriedade intelectual, área laboral ou mesmo de desporto. Além disso, desenvolve webinars, disponibiliza uma área de notícias e atualidade e sobressai devido à estratégia nas redes sociais. Neste caso, destaque para a página de LinkedIn que conta com mais de 114 mil seguidores.

Cuatrecasas, marketing juridico

Baker & McKenzie

Uma sociedade de advogados americana e com uma forte presença internacional, a Baker & McKenzie disponibiliza um conjunto diversificado de conteúdos no âmbito da sua estratégia de Marketing Jurídico. De podcasts a blogs com análise e comentário, tem ainda newsletters com análise e opinião sobre tópicos atuais nas várias áreas jurídicas ligadas às empresas.

Baker & McKenzie, marketing juridico

Mafalda Correia Advogados

Nem só as grandes sociedades são exemplo de aposta nos conteúdos. A uma escala mais pequena, a Mafalda Correia Advogados é um exemplo de como os conteúdos são uma mais-valia para o Marketing Jurídico. Além de um blog sobre temas relacionados com as áreas jurídicas em que trabalha, disponibiliza um consultório online no qual os seus advogados esclarecem dúvidas sobre questões jurídicas.

mafalda correia advogados, marketing juridico

P&A Solicitadores

Neste caso, um escritório de Solicitadoria, a P&A Solicitadores produz conteúdos abordando vários temas da área jurídica, escolhendo trabalhar três formatos: notícias, publicações e o chamado Gabinete Jurídico.

P&A Solicitadores

Em todos estes exemplos fica evidente que uma estratégia de Marketing Jurídico centrada na produção de conteúdos úteis e de valor acrescentado é um meio para advogados e sociedades de advogados divulgarem a sua atividade de maneira mais informativa.

Por isso, se precisa de criar uma estratégia de conteúdos para a área jurídica, conte com a qualidade e a competência da nossa equipa para o ajudar. Fale connosco!

Artigo atualizado a 27 de junho de 2022 por Blandina Costa.

Blandina Costa
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Editora e diretora-geral da Webtexto.