Para podermos traçar estratégias e decidir que caminhos seguir, é fundamental perceber a realidade à nossa volta. Isto aplica-se a todas as áreas dentro de cada negócio, e o comércio eletrónico não é exceção. Apontado como crucial para o futuro dos negócios, é fundamental que as empresas entendam e analisem o que mostram as estatísticas de e-commerce em Portugal para, assim, tomar as melhores decisões. Que caminho temos ainda de percorrer? Quantos consumidores já optam por este meio? Qual o grau de maturidade do e-commerce no nosso país?
Os consumidores nas estatísticas de e-commerce em Portugal
Os consumidores têm adotado de maneira tímida esta forma de comércio. No entanto, não há dúvida de que existe uma tendência de crescimento do e-commerce em Portugal, e que a situação de pandemia de Covid-19 acelerou este processo, tanto para consumidores como para empresas.
Qual a penetração da Internet em Portugal?
Os números não enganam: cada vez mais pessoas têm acesso à Internet no nosso país. O portal Pordata tem registado este crescimento. Por exemplo, em 2020, 84% dos agregados familiares portugueses tinha ligação à Internet em casa. Contudo, este número fica aquém da média europeia de 91%.
A mesma diferença continua a existir quando olhamos para o acesso à banda larga. Em Portugal, conta-se 82% dos lares, comparativamente à média europeia de 89%, também segundo dados divulgados pela Pordata.
Quem compra online em Portugal?
Em 2020, estima-se que mais de sete em cada dez utilizadores de Internet (72%) na União Europeia fizeram compras online, revelam os dados do Eurostat. Comparando com o ano anterior, há, portanto, mais compradores online entre os utilizadores de Internet. Neste caso, sobressaem os grupos com idades entre os 16 e 24 anos e entre os 25 e 54 anos. Em cada um destes grupos, 78% dos utilizadores de Internet fez compras online. Olhando para os dados de Portugal, é possível verificar que 45% dos utilizadores de Internet fez compras online nos últimos 12 meses.
Mesmo ficando aquém da média europeia, a verdade é que o crescimento do e-commerce tem sido assinalável entre os portugueses. De acordo com o inquérito do Instituto Nacional de Estatística (INE), Síntese INE@Covid-19 de dezembro de 2020, “A percentagem de utilizadores de comércio eletrónico registou em 2020 o maior aumento da série iniciada em 2002: +7 pontos percentuais que em 2019.” O mesmo inquérito revela que quem mais compra reside na Área Metropolitana de Lisboa.
Traçando o perfil do e-buyer em Portugal, o E-Commerce Report 2020 dos CTT, sobre o mercado de e-commerce em Portugal, realizado entre julho e setembro de 2020, destaca as seguintes características:
O que compramos online?
Na edição de 2020 do estudo Economia e Sociedade Digital em Portugal, a ACEPI e a IDC revelam que a pandemia alterou os hábitos de consumo dos portugueses. Assim, “nas categorias de compras online destacam-se agora as ‘refeições entregues ao domicílio’, que no ano anterior não tinham expressão, e os ‘produtos alimentares e bebidas’, que este ano refletem a alteração comportamental dos portugueses provocada pela pandemia”, refere a ACEPI. Além disso, destaca-se o forte crescimento na categoria de equipamentos utilizados em casa (informáticos e eletrodomésticos).
Esta mudança é notória se atendermos aos dados de e-commerce do Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação pelas Famílias, do INE. Em 2020, os portugueses que utilizaram o comércio eletrónico compraram sobretudo produtos físicos, revela o inquérito do INE. Olhando com mais detalhe para a hierarquia de produtos comprados entre os vários tipos de bens, o instituto refere que “o tipo de produto mais solicitado foi roupa, calçado e acessórios de moda (60,4%), seguindo-se as refeições em takeaway ou entrega ao domicílio (38,2%), o equipamento informático (37,3%) e os produtos digitais relacionados com filmes, séries ou programas de desporto (34,3%).”.
Aliás, não só há mais pessoas a fazer compras online, como a quantidade de encomendas virtuais está a aumentar. De acordo com o inquérito Síntese INE@Covid-19, o aumento de pontos percentuais neste âmbito foram:
Também há uma subida no valor dispendido:
Mais, uma análise da SIBS, divulgada em fevereiro e abarcando o novo confinamento geral, mostra que “o número de transações e-commerce continua em crescendo face ao período homólogo, em contraciclo com a tendência geral de quebra de consumo. Em janeiro registou-se um incremento de 37% das compras online, em comparação com o mesmo período do ano passado, em resultado das recentes medidas”.
A que países preferimos comprar online?
Os portugueses compram cada vez mais em lojas online portuguesas e menos em websites estrangeiros, refere o estudo da ACEPI/IDC, justificando esta tendência pelo facto de existirem mais lojas online portuguesas. À mesma conclusão chega o estudo dos CTT, acrescentando que quando se olha para as compras a outros países o destaque vai para a China, que continua desse modo “a ser a principal origem das compras online dos portugueses, seguida a grande distância de Espanha e do Reino Unido”.
Qual o valor do comércio eletrónico Business to Consumer (B2C)?
O estudo da ACEPI/IDC conjetura que “o valor do comércio eletrónico B2C (compras realizadas por consumidores portugueses) tenha ultrapassado os 6 mil milhões de euros em 2019, representando atualmente 2,9% do valor do PIB”. Quanto às estimativas para 2020, o valor deve ter ascendido aos 8 mil milhões de euros, refere a ACEPI.
Por outro lado, o E-Commerce Report 2020 refere que o e-commerce B2C cresceu 20% em 2019 em Portugal para um valor total de 5,9 mil milhões de euros. Este representa um aumento de três pontos percentuais em relação ao ano anterior. Já a estimativa dos retalhistas quanto aos valores totais de 2020 aponta para aumentos na ordem dos 40% a 60%, “fruto do atual contexto de pandemia e de grande alteração dos hábitos dos consumidores”.
As empresas nas estatísticas de e-commerce em Portugal
Também a adesão das empresas nacionais aos meios digitais tem sido tímida. Contudo, em 2020, a pandemia de Covid-19 tornou o online numa necessidade para a sobrevivência de vários negócios. E isso está certamente refletido nas estatísticas de e-commerce em Portugal.
Qual a percentagem de empresas portuguesas com website ou homepage?
De acordo com a informação disponível no portal Pordata, em 2020, o total de empresas portuguesas (com 10 e mais pessoas ao serviço) que tinha website ou homepage era de 62%. A média europeia é de 77%. Estes dados mostram assim um crescimento muito significativo, destacando-se o aumento considerável das micro e pequenas empresas, como revela a ACEPI. No primeiro caso, o aumento foi de 30% para 48% e, no segundo, de 53% a 76%.
Entretanto, em 2020, as estatísticas indicam que o processo de digitalização das empresas acelerou. Por exemplo, após terem entrado em vigor as novas regras de registo do domínio “.pt”, no início de fevereiro a entidade responsável por este registo assinalou um máximo diário de 1.034 novos casos. Trata-se, aliás, do valor mais elevado desde a liberalização do domínio “.pt”, em 2012.
Quantas empresas fizeram vendas eletrónicas?
Os dados da Eurostat referentes a 2019 indicam que apenas 17,5% das pequenas e médias empresas europeias venderam produtos online, um aumento muito ligeiro de 1,4 pontos percentuais comparativamente a 2016. Por outro lado, 39% das grandes empresas recorreu às vendas online em 2019. Na liderança, estão países como a Irlanda, Finlândia, Bélgica e Países Baixos.
Olhando com detalhe para os dados de Portugal, a ACEPI refere que a taxa de empresas de grandes dimensões com vendas online ronda os 52%. Já quando se olha para o total das empresas, esta taxa recua para 27%.
Qual o valor do comércio eletrónico Business to Business (B2B) e Business to Government (B2G) em Portugal?
No que toca ao volume de negócios efetuado eletronicamente pelas empresas (B2B) e pelo Estado (B2G), as estatísticas de e-commerce em Portugal mostram que o valor pode ter ascendido a 103 mil milhões de euros em 2020, de acordo com o estudo Economia e Sociedade Digital em Portugal. Um crescimento assinalável quando, por exemplo, em 2017 o valor foi de 70 mil milhões de euros.
Pois bem, somando o valor do comércio eletrónico B2C + B2B, o montante ascendeu a 96 mil milhões de euros em 2019 e poderá ter alcançado os 110,6 mil milhões de euros, “alavancado pelo impacto da pandemia da Covid-19 que mudou profundamente os hábitos dos consumidores e transformou profundamente empresas e negócios”, refere o estudo.
É certo que a pandemia do novo coronavírus teve bastante peso no crescimento acentuado do comércio eletrónico no ano passado e que terá grande impacto nas estatísticas de e-commerce em Portugal. Há muito que se vê que esta tendência não irá abrandar, pelo contrário. As previsões são de que, em 2040, 95% das compras serão realizadas através de comércio eletrónico, segundo o website Ecommerce Guide. Por isso, continua a ser muito importante apostar nesta área: não há dúvida de que o futuro dos negócios está intrinsecamente ligado ao e-commerce.
Artigo atualizado a 24 de fevereiro de 2021 por Blandina Costa.